Aqui retorno com o primeiro post de 2010 contando um pouco sobre minhas últimas experiências que transitaram pelo ano velho e pelo ano novo.
Tive uma passagem de ano agradável com minha família, em Balneário Camboriú.
Foram dias de muita leitura e reflexões. Pouca conversa, por opção. Fazia algumas caminhadas diurnas e noturnas, apenas observando a dinâmica daquela cidade hiper lotada e barulhenta, porém cativante, onde grande parte das pessoas tinha como premissa número um a diversão (principalmente os jovens). As garotas exibiam ao máximo seus corpos sarados e os rapazes seus músculos definidos e a barriga de tanquinho. Outros optavam por desfilar com seus carros mega equipados tocando aquelas músicas sertanejas e outras baladas da moda, que eu particularmente dispenso.. Mas, gosto é gosto né! E eu respeito.
Já outros, preferiam observar o movimento e relaxar, sentindo a brisa à beira mar na face sentados em suas cadeiras de praia nas calçadas. Muitos casais estavam em lua de mel. Vários, principalmente à noite, assim como eu também tive que passar por isso algumas vezes, tinham que enfrentar filas de espera para conseguir uma mesa num restaurante para jantar. E assim, cada um estava buscando o que mais satisfazia suas expectativas e desejos dentro de uma cidade que fervia dia e noite.
Além das minhas caminhadas, gostava muito de sentar na sacada do apartamento em que estava hospedada. Era inevitável, mesmo lendo e tomando alguma bebida, não escutar a conversa das pessoas que passavam pela rua, as músicas que tocavam, o barulho dos carros e até das ondas quebrando no mar, que era o som que mais me agradava. Mesmo assim, tentava manter minha concentração e meus pensamentos aquietados diante de tanta agitação.
Nesses momentos na sacada, por vários dias presenciei um fato que me chamou muito a atenção. No prédio em frente ao meu, em um dos apartamentos do terceiro andar, havia um menino que passava grande parte do tempo na janela e olhava incansável e ansiosamente para todos os lados possíveis, muitas vezes inclinando o corpo para fora parecendo procurar alguma coisa. Talvez lá fosse o seu quarto. Outras vezes, ele espiava pela janela do banheiro. E assim, pelas contas que me lembro, foram incessantes quatro dias e noites seguidas que o menino da janela permanecia lá...
O que dizer da sua permanência lá na janela, com seu olhar ansioso e devorador, louco para poder sair daquele quadrado que o deixava fora de viver as sensações e experiências mundanas que Camboriú poderia lhe proporcionar e encontrar o que os seus olhos tanto procuravam?
Talvez tivesse pais repressivos, talvez ainda não estivesse preparado para enfrentar o mundo lá fora, talvez fosse tímido demais, talvez não desejasse estar ali com a família. Várias poderiam ser as possibilidades.
Para mim, aquele menino queria ter podido voar pela janela e sentir um mundo que talvez ansiasse e não tivera oportunidade até então. Volto a repetir: a cidade era propicia a tudo!
Quando saí de Balneário ontem, por volta das 20h30min, a janela estava fechada.
Sinceramente desejo que um dia, aquele menino da janela não desista do seu vôo a fim de sentir na pele o que significa a tal liberdade...
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